Publicitário analisa comunicação nas eleições
Publicitário, jornalista e professor universitário, Luiz Dantas atua há 35 anos no mercado da comunicação. Em entrevista à TV Assembleia, pontuou seu pensamento sobre a atualidade político eleitoral.
Ao voltar no passado recente, em que ondas de protestos tomaram conta das ruas e foram determinantes para derrubar a ex-presidente Dilma Rousseff, Dantas entende que os movimentos perderam a chance de produzir mudanças reais, e mais, que sempre estiveram agasalhados em legendas partidárias, apesar da participação popular. É fato concreto que a saída de Dilma não trouxe um horizonte além da mudança de titular no cargo.
Uma das apostas do profissional era a possibilidade da candidatura individual, sem obrigatoriedade de filiação partidária, ainda que inerente a um número de assinaturas de eleitores que referendasse tal candidato a concorrer. O professor aponta que a representatividade está aposentada no modelo atual e somente pode ser alterada como organização política por meio dos partidos.
Sobre a estratégia de mudança de nomes de algumas agremiações partidárias diz ser estritamente cosmética, pois não alcança a imensa parcela da população que não tem vivência nem interesse na política.
Questionado sobre o maior desafio para a eleição que se aproxima, diz que será a comunicação com os eleitores. Pois, segundo ele, a política brasileira oferece prato novo com garfo antigo.
Também critica a redução do período de campanha, “que passou a ser The Flash, um modelo das democracias mais avançadas do planeta”. No Brasil, a medida atende claramente à redução dos gastos eleitorais e a manutenção da dianteira dos candidatos com mandato, que obviamente largam com vantagem por uma série de fatores. E considera que nos rincões de pobreza ainda há forte vulnerabilidade no voto pela troca de pequenas cifras, o que é considerado crime eleitoral pela lei vigente do país.
Citou o ex-presidente Lula como um case de comunicação, por ser o único presidenciável a se comunicar com a massa popular. E enfatizou, antes de qualquer chiadeira, que isso não se trata de preferência e sim de constatação técnica.
No campo das redes sociais, entende como um engodo que o uso delas seja apontado como determinante. Para Luiz Dantas, não se compara ao efeito da “sola de sapato”, em alusão a andança que um candidato possa fazer. Mas diz que o aparelho celular é um protagonista da eleição pelo alto índice de uso pela população.
Por fim, afirmou que o Brasil vive uma distorção com a substituição da vocação do político como servidor público pelo interesse do poder.
Para os candidatos deixou uma mensagem de conforto.
“Ganhar é bom e é ruim. Perder também.”