A dependência do petróleo e do modelo rodoviário
Os resultados da greve dos caminhoneiros evidenciaram duas dependências que vêm do passado, e dá sinais no presente, para o futuro.
Uma mobilização que gerou rapidamente um apagão logístico em todo país mostrou que os derivados do petróleo e o asfalto na infraestrutura de um país extenso territorialmente como o nosso são determinantes.
E mais, que o Brasil precisa de um planejamento a longo prazo, um programa de Estado e não de Governo.
Alguns dados são interessantes:
Apesar de ter uma das matrizes energéticas mais renováveis entre os países industrializados amparada fortemente na energia hidrelétrica e da diversificação de fontes, os derivados do petróleo, gasolina, óleo diesel e GLP (gás de cozinha em botijões), fósseis não renováveis, exercem total poder na categoria deles.
A frota de caminhões de carga é de cerca de 2 milhões, sendo 60% de motoristas autônomos. E aproximadamente 11 mil empresas de transporte rodoviário de carga. O que aponta forte terceirização no setor.
Por outro lado, o escoamento da produção brasileira é feito pela malha rodoviária (75%), pela marítima (9,2%), pela aérea (5,8%), pela ferroviária (5,4%), e outros modelos representam menos de 4%. A malha ferroviária brasileira é menor do que a malha ferroviária da Argentina. A estradas somam 1,7 milhão de quilômetros, mas tem apenas 12% desses pavimentado. O que sugere, entre outros, que a ingerência política em decisões estritamente técnicas gera consequências caóticas.
Por fim, gasolina, óleo diesel e GLP (Gás de cozinha em botijões) são derivados do petróleo. E o asfalto também. O que por si só mostra o tamanho da fatia da indústria petrolífera.